Inspirei fundo e senti bem o momento. O sol estava a pôr-se e os raios entravam pelas janelas do carro e faziam o meu cabelo e os meus olhos brilharem. A música estava perfeita para aquele momento, estava concentrada em todas essas coisas, até que o sol desapareceu e eu já não sabia em que pensar. Comecei a sentir-me presa naquele carro, a perder o controlo da respiração. Tinha uma noção do que poderia estar acontecer, mas não quis alarmar ninguém. Até que senti o meu coração acelerado e disse-lhes que não me estava a sentir bem e que parassem o carro.
Saí meia desorientada comentei com eles que nada do que estava a sentir já alguma vez senti.
Tudo o que via à minha volta parecia um sonho que já tive, ou que já tinha visto aquilo em algum filme mas que desta vez eu fazia parte dele.
Fomos a um café comprar uma água e eu fui direta ao quarto de banho. Quando me vi ao espelho tinha os olhos piores que já algumas vez vi, a boca estava tão seca que molhei logo por água. Aquele espaço era tão pequeno, que as paredes pareciam que encolhiam e eu tinha de sair dali imediatamente.
Quando me sentei e bebi aquela água gelada sentia a minha garganta a estalar e do nada surge um nó ofegante. Comecei a imaginar uma cobra a sair da minha boca e imensos bichos a devorar os meus órgãos.
Tentei logo desviar-me daquele pensamento e comecei a ficar com imenso frio, entramos no carro e eu só queria chicletes.
Cada movimento que fazia ao meu corpo doía-me profundamente e eu tive de ficar estática até chegarmos à estação para irmos comprar chicletes.
A minha vontade de ter uma chiclete na boca era tanta, que comecei a estalar os dentes sem parar. Assim que compramos , coloquei-a na boca e senti um prazer imenso, senti aquele sabor como se fosse o melhor sabor de todos.
Estava desorientada na estação, não conseguia me concentrar nem raciocinar em que lado estava.
Voltamos de novo para o carro e estava lá um tipo novo e eu não queria dar estrondos e tentei concentrar-me ao máximo, mas havia sempre alturas que a mente se perdia por caminhos surreais.
Eu tinha de me concentrar para falar sobre os trabalhos, mas não conseguia dizer nada de jeito.
Peguei no meu caderno e numa caneta e comecei a desenhar. Tudo o que me vinha à mente eu retratava em traços. Estava a ter uma sensação tão incrível que sentia o meu corpo a ser percorrido por fantásticas vibrações e pequenas explosões de energias. Parecia o melhor orgasmo de sempre.
Não sabia quanto tempo estava assim, mas a meu ver parecia que tinham passado horas. Eu tinha de ir embora.
Na viagem de regresso coloquei as mangas por cima das mãos e apertei-as, passado pouco tempo deixei de sentir as mãos e logo a seguir os meus braços. Estava a delirar com aquela sensação, que incrível!
A música reggae suavizava os meus ouvidos, fechei os olhos e vi mil e uma cores com combinações humanas, coroas de papel que se fundiam e circulavam. Estavam a ser as imagens mais fantásticas .. Abri os olhos e já estava perto de casa.
Fiquei entregue e quando estava a voltar ao normal, fico em trance por causa da fechadura da porta.
Não me lembro muito bem do que disse quando entrei em casa, mas eu só queria era comer.
Fiz a melhor sandes de panado de todos os tempos, pelo menos enquanto a comia foi isso que achei. É então que surge o ataque de riso mais brutal de sempre. A minha mãe decidiu contar-me uma anedota e ficamos as duas a rir-nos desalmadamente. Por momentos achei que era eu que estava a imaginar aquela cena e a minha mãe estava a dar-me um sermão, mas afinal era realidade.
Fui para o quarto e comecei a andar de um lado para o outro.
Passei algum tempo no meu quarto e não me recordo muito bem do que aconteceu.
Quando fui lavar os dentes a pasta dos dentes fez um efeito surreal na minha boca, senti-a gelada, mas ao mesmo tempo a ter explosões de sabores. Passei a boca por água e isso passou.
Assim do nada, olhei para a luz do corredor e achei que a maior prova de que Deus existe é o facto de existir no mundo esta planta alucinante. Ela é capaz de fazer com que o Homem cuide dela, como se fosse a sua vida.
Comecei a rir-me depois do que fui pensar, mas senti que estava certa.
Tinha de vestir o pijama e quando comecei a tirar a roupa senti-me a voar, senti-me tão serena, tão pura.... era a minha pessoa tal e qual como fui feita. Sem complexidade ...
Liguei o rádio e deitei-me na cama. O meu corpo começava a contrair-se sempre que pensava numa parte especifica dele. A música apoderou-se de mim e eu imaginei as coisas mais incríveis e surpreendentes de sempre.
Adormeci e sonhei muito, pelo menos tenho noção disso.
Hoje relembro como as melhores sensações que já alguma vez tive.
No final disto tudo ainda bem que correu bem, porque um dia antes soube que um rapaz parou no hospital por causa de um ataque cardíaco.
1 comentário:
"A música reggae suavizava os meus ouvidos, fechei os olhos e vi mil e uma cores com combinações humanas, coroas de papel que se fundiam e circulavam"
http://www.youtube.com/watch?v=4TZiMvJ65Wc :))
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