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domingo, fevereiro 9

Detalhes do pensamento.


Por semanas se tem debatido o mesmo assunto 'As praxes'. Várias analogias foram feitas e refeitas. Cada argumento tinha por parte a sua credibilidade.
Eu cá me pôs a pensar nos vários processos de crescimento, que o ser humano leva. Será a consciência o impedimento de estabelecer relações de forma coerente? Sim, porque o que tenho visto é que muitas declarações dizem que as praxes são uma forma de integração e relacionamento com outras pessoas.

Comecei a pensar na minha história e na de outras tantas em que a consciência existia, mas a ingenuidade era imensa. Falo da nossa infância.
Eu não me lembro de como fiz amigos quando entrei na cresce, talvez tenha sido um brinquedo que foi partilhado e que deu origem a um sorriso e uma conexão no olhar. Porque a facilidade de expôr os sentimentos quando somos crianças é brutalmente incrível. Não existe um guarda que te obriga a pensar, não existe uma rede, que te obriga a escolher detalhadamente, o que irás dizer. Aquilo saí de forma livre e espontânea. É puro.
Daí as perguntas fáceis de estabelecer relações. 'Como te chamas?' 'Queres jogar á bola comigo?' 'Podes ser meu amigo?'
No momento em que começamos a pensar de forma mais detalhada, surge o tal guarda, a tal rede. Estás perguntas começam a ser infantis, sem lógica. É ridículo! Agora que somos adultos.

Saímos do infantário e vamos para uma escola nova, com muitas mais pessoas e mais velhas que nós.
Eu lembro-me do meu primeiro dia de aulas no 5 ano. Quando estava à espera, existiam uns rapazes com ar rebelde que andavam atirar, aqueles ouriços das árvores, uns aos outros. Fiquei assustada e não tinha ali uma mão para me sentir segura. Sei que mais tarde, depois da apresentação da turma, umas raparigas mais velhas, com um sorriso dócil disseram que nos iam ajudar se tivéssemos dificuldades, intitularam-se como nossas madrinhas. Mas o tempo depois passou, já tinha o meu grupo de amigos, já existia um núcleo seguro e confortável.

E continuamos a crescer e a dificuldade de criar laços torna-se mais difícil. Porque pensamos mil e uma maneiras como começar a falar com aquelas pessoas, que sabemos que irão fazer parte do nosso dia-a-dia. Pensamos no momento certo, na forma como iremos descobrir o seu nome.... Já viram a dificuldade que é fazer relações quando somos adultos?

A praxe veio justificar um método fácil para que as brincadeiras que fazíamos em crianças, voltem, mas com um sentido lógico. A lógica é ser uma praxe. Uma forma de pessoas adultas se conhecerem de maneira mais espalhafatosa. Não vai haver espanto se um rapaz chegar à tua beira e disser: 'Queres ser a minha outra metade da bolacha?' Tu não vais achar ridícula aquela abordagem, porque tens a justificação de que é uma praxe. Se fosses criança a pergunta ia ser 'Queres ser minha amiga?' e a jusificação seria não quero estar sozinho a brincar. E os adultos encontram sempre meios justificáveis para que as coisas se tornem mais fáceis.

Para concluir, quero desde já informar, que este argumento não defende, nem condena as praxes. Apenas dá uma outra visão de como nós seres humanos arranjamos formas para que seja mais fácil atingir o que queremos, sem que pareça ridículo. Porque quando eramos crianças não pensávamos nesses detalhes.


Com respeito, Ana Oliveira.


3 comentários:

Luísa disse...

Gostei Ana, é uma boa perspetiva. É ver a vida como ela é. Bjinho

Unknown disse...

gostei do "Com respeito, Ana Oliveira" hahahha

Ana Oliveira disse...

Tinha de ser Edu :') podia alguem levar a mal xD